PARTILHA/COLABORAÇÃO

Nishant Redkar engenheiro de software registou o seguinte no seu blogue: "Um homem sábio disse uma vez: [A privacidade é a condição de ficar sozinho, fora da vista do público e no controlo das informações que as outras pessoas têm sobre si]".


"Está a emergir na nossa vida uma nova civilização e por toda a parte há cegos que tentam suprimi-la.
(...) Outros, aterrorizados com o futuro, entregam-se a uma desesperada e inútil fuga para o passado e
tentam restaurar o mundo moribundo que lhes deu vida." (in "A Terceira Vaga", Alvin Toffler, p.13).

18/12/2009

A INDISCIPLINA NAS ESCOLAS (vista por F. Savater)


Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.Os participantes no encontro 'Família e Escola: um espaço de convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.'As crianças não encontram em casa a figura de autoridade', que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.'As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa', sublinhou.Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa..'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.Há professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'.Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.A liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.'A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um privilégio'.'Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina', frisa Fernando Savater.Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.'Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia', afirmou.Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que 'mais vale dar uma palmada, no momento certo' do que permitir as situações que depois se criam.Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

11/12/2009

TAUTOLOGIA

Armadilhas da língua

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, muito comuns, como se pode ver na lista a seguir:
VEJAMOS:
-elo de ligação
-acabamento final
-certeza absoluta
-quantia exacta
-nos dias 8, 9 e 10, inclusive
-juntamente com
-expressamente proibido
-em duas metades iguais
-sintomas indicativos
-vereador da cidade
-outra alternativa
-Detalhes minuciosos
-A razão é porque
-Anexo junto à carta
-De sua livre escolha
-Superávit positivo
-Todos foram unânimes
-Conviver junto
-Facto real
-Encarar de frente
-Multidão de pessoas
-Amanhecer o dia
-Criação nova
-Retornar de novo
-Empréstimo temporário
-Surpresa inesperada
-Escolha opcional
-Planejar antecipadamente
-Abertura inaugural
-Continua a permanecer
-a última versão definitiva
-Possivelmente poderá ocorrer
-Comparecer em pessoa
-Gritar bem alto
-Propriedade característica
-Demasiadamente excessivo
-A seu critério pessoal
-Exceder em muito
Note que todas essas repetições são dispensáveis.
por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada?
É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias.
Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.

OXÍMORO OU OXIMORO

É uma figura de linguagem que harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão, formando assim um terceiro conceito que dependerá da interpretação do leitor.
Dado que o sentido literal de um oximoro (por exemplo, um instante eterno) é absurdo, força-se ao leitor a procurar um sentido metafórico (neste caso: um instante que, pela intensidade do vivido durante o mesmo, faz perder o sentido do tempo). O recurso a esta figura retórica é muito frequente na poesia mística e na poesia amorosa, por considerar-se que a experiência do amor transcende todas as antinomias mundanas.
O contrário de oximoro é pleonasmo.
Exemplos de oximoros:
-inocente culpa
-lúcida loucura
-silêncio eloqüente
-gelo fervente
-tácito tumulto
-ilustre desconhecido
-Movimento apolítico (Pois todo movimento social é político)

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Oximoro"

ENQUANTO É TEMPO!



As inter relações e a linguagem não são específicas e únicas do ser humano, o que é único no ser humano é a capacidade de reflectir sobre elas. Essa capacidade de reflectir faz toda a diferença. Nos outros animais decorre tudo da lógica, no ser humano tudo é intencionalmente alterado; por orgulho, por exibicionismo, por razões de moda, por razões que se prendem com as reflexões dos outros (ou seja por influência), por exemplos de sofrimento ou de felicidade (?) ou simplesmente por má formação.
Os outros animais depressa aprendem e se adaptam à sua lógica de vida mais ou menos curta. O ser humano leva muitos anos a ser formado, moldado, formatado, de acordo com a cultura em que o fazem crescer. Somos o resultado do que fizeram de nós… a vida inteira. Não somos livres. Se tivéssemos nascido do outro lado do mundo, teríamos uma mentalidade muito diferente. Melhor? Pior? Como se avalia isso? Porque razão em certos países consideram a circuncisão masculina ou feminina, depende da cultura, (podes escolher) uma tradição enraizada e que lhes merece todo o respeito e nós consideramos uma atrocidade? Porque razão na época actual no ocidente se tem um determinado padrão de beleza e quem não lhe consegue corresponder, é infeliz e chega a extremos de suicídio? Porque razão o dinheiro faz toda a diferença no modo de sobrevivência? Quando crescemos, fazemos adaptações com resultados mais ou menos felizes, mas adaptações. Queiramos ou não, somos o resultado do que querem que sejamos.
Eu continuo a ser um pouco do que a comunidade fez de mim. Ao crescer tentei entender o certo e o errado do que elas me ensinaram e vou tentando aproveitar o bom e rejeitar ou regenerar o que considero menos bom. Aí reside a maior dificuldade; ir crescendo, corrigindo constantemente o anterior ao presente conscientes (ou não) de que ao longo da nossa vida temos sido e somos também influências, boas e más, para outros. E as alterações que vamos conseguindo fazer no nosso comportamento… são elas correctas? Quem disse que viver é fácil para o ser humano? Para quem raciocina? Para quem tem capacidade de reflectir? Não é isso que nos faz orgulhosamente diferentes dos outros animais?
Somos tudo menos livres. Os nossos “sins e os nossos “nãos” são tudo menos o reflexo da nossa liberdade. Viver em sociedade faz de nós prisioneiros de nós mesmos.
Espartilhados com tudo isto ainda temos que aprender a viver a nossa sexualidade, as nossas emoções, atribuir nomes aos sentimentos, cumprir rituais, agir de acordo com o que pode ou não agradar aos outros, defender-nos dos outros animais humanos… tarefas bem difíceis, barreiras sofridas de ultrapassar diariamente e paga bem dura pela diferença que nos distingue dos animais supostamente irracionais.
Se nos virarmos para o nosso interior… ah aí é caótico. Cada um de nós é um mundo!
Às vezes agarramo-nos a esse mundo interior como couraça da selva que é o mundo exterior porque, o mais difícil dos desafios talvez seja mesmo as relações entre nós racionais. A interacção, compreensão e entendimento entre os complexos mundos interiores. Talvez mais do que difícil isso seja impossível. Insistimos nesse inter-relacionamento porque, paradoxo, ciclo vicioso, não conseguimos viver sós… Confuso não é?
Por isso não há relações afectivas eternas. Refiro-me a relações efectivas, não a relações forçadas.
Na vida tudo é efémero mas o inter-relacionamento humano afectivo é, talvez, a mais efémera e frágil pérola que possuímos.

Dora

ISOLAMENTO


Tenho o meu recanto
- um espaço próprio -
P’ros olhos cintilantes repousar!
Devo ter solitárias as marés,

Onde abandono a alma a viajar...

Se me dou por partes – toda inteira…
(Não sei que outra forma há de amar!)
Recolho os pedaços abraçados
E escuto o meu corpo a soluçar.

O vento abandona a cor azul;
O tempo rompe as sombras no jardim…
E morre-me uma estrela a crepitar,
Depois de agonizar colada a mim!

Abraço a derradeira madrugada
Que teima seduzir-me em ondas mortas.
E tu… dobrando a curva dissipada...



DORA