PARTILHA/COLABORAÇÃO

Nishant Redkar engenheiro de software registou o seguinte no seu blogue: "Um homem sábio disse uma vez: [A privacidade é a condição de ficar sozinho, fora da vista do público e no controlo das informações que as outras pessoas têm sobre si]".


"Está a emergir na nossa vida uma nova civilização e por toda a parte há cegos que tentam suprimi-la.
(...) Outros, aterrorizados com o futuro, entregam-se a uma desesperada e inútil fuga para o passado e
tentam restaurar o mundo moribundo que lhes deu vida." (in "A Terceira Vaga", Alvin Toffler, p.13).

11/12/2009

ENQUANTO É TEMPO!



As inter relações e a linguagem não são específicas e únicas do ser humano, o que é único no ser humano é a capacidade de reflectir sobre elas. Essa capacidade de reflectir faz toda a diferença. Nos outros animais decorre tudo da lógica, no ser humano tudo é intencionalmente alterado; por orgulho, por exibicionismo, por razões de moda, por razões que se prendem com as reflexões dos outros (ou seja por influência), por exemplos de sofrimento ou de felicidade (?) ou simplesmente por má formação.
Os outros animais depressa aprendem e se adaptam à sua lógica de vida mais ou menos curta. O ser humano leva muitos anos a ser formado, moldado, formatado, de acordo com a cultura em que o fazem crescer. Somos o resultado do que fizeram de nós… a vida inteira. Não somos livres. Se tivéssemos nascido do outro lado do mundo, teríamos uma mentalidade muito diferente. Melhor? Pior? Como se avalia isso? Porque razão em certos países consideram a circuncisão masculina ou feminina, depende da cultura, (podes escolher) uma tradição enraizada e que lhes merece todo o respeito e nós consideramos uma atrocidade? Porque razão na época actual no ocidente se tem um determinado padrão de beleza e quem não lhe consegue corresponder, é infeliz e chega a extremos de suicídio? Porque razão o dinheiro faz toda a diferença no modo de sobrevivência? Quando crescemos, fazemos adaptações com resultados mais ou menos felizes, mas adaptações. Queiramos ou não, somos o resultado do que querem que sejamos.
Eu continuo a ser um pouco do que a comunidade fez de mim. Ao crescer tentei entender o certo e o errado do que elas me ensinaram e vou tentando aproveitar o bom e rejeitar ou regenerar o que considero menos bom. Aí reside a maior dificuldade; ir crescendo, corrigindo constantemente o anterior ao presente conscientes (ou não) de que ao longo da nossa vida temos sido e somos também influências, boas e más, para outros. E as alterações que vamos conseguindo fazer no nosso comportamento… são elas correctas? Quem disse que viver é fácil para o ser humano? Para quem raciocina? Para quem tem capacidade de reflectir? Não é isso que nos faz orgulhosamente diferentes dos outros animais?
Somos tudo menos livres. Os nossos “sins e os nossos “nãos” são tudo menos o reflexo da nossa liberdade. Viver em sociedade faz de nós prisioneiros de nós mesmos.
Espartilhados com tudo isto ainda temos que aprender a viver a nossa sexualidade, as nossas emoções, atribuir nomes aos sentimentos, cumprir rituais, agir de acordo com o que pode ou não agradar aos outros, defender-nos dos outros animais humanos… tarefas bem difíceis, barreiras sofridas de ultrapassar diariamente e paga bem dura pela diferença que nos distingue dos animais supostamente irracionais.
Se nos virarmos para o nosso interior… ah aí é caótico. Cada um de nós é um mundo!
Às vezes agarramo-nos a esse mundo interior como couraça da selva que é o mundo exterior porque, o mais difícil dos desafios talvez seja mesmo as relações entre nós racionais. A interacção, compreensão e entendimento entre os complexos mundos interiores. Talvez mais do que difícil isso seja impossível. Insistimos nesse inter-relacionamento porque, paradoxo, ciclo vicioso, não conseguimos viver sós… Confuso não é?
Por isso não há relações afectivas eternas. Refiro-me a relações efectivas, não a relações forçadas.
Na vida tudo é efémero mas o inter-relacionamento humano afectivo é, talvez, a mais efémera e frágil pérola que possuímos.

Dora

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