PARTILHA/COLABORAÇÃO

Nishant Redkar engenheiro de software registou o seguinte no seu blogue: "Um homem sábio disse uma vez: [A privacidade é a condição de ficar sozinho, fora da vista do público e no controlo das informações que as outras pessoas têm sobre si]".


"Está a emergir na nossa vida uma nova civilização e por toda a parte há cegos que tentam suprimi-la.
(...) Outros, aterrorizados com o futuro, entregam-se a uma desesperada e inútil fuga para o passado e
tentam restaurar o mundo moribundo que lhes deu vida." (in "A Terceira Vaga", Alvin Toffler, p.13).

23/04/2010

Comentário ao filme “CLASS DIVIDED”

O filme “Class Devided” tem início com a notícia do assassinato de Martin Luther King. Esta situação suscitou na professora Jane Elliott a necessidade de fazer os seus alunos de terceiro ano, compreender o significado da discriminação. Melhor do que explicar entendeu que as crianças assimilariam melhor se conseguisse sucesso numa experiência posta em prática com os próprios elementos da turma. Assim separou as crianças em dois grupos. Um era composto pelos elementos que tinham olhos azuis, o outro era constituído por alunos que tinham olhos castanhos. A estratégia consistiu no seguinte: logo nesse dia o grupo dos alunos com olhos azuis foi tratado de forma privilegiada, valorizado pela professora, quer na sua inteligência, quer nas suas atitudes. Pelo contrário, o outro grupo foi marcado como inferior usando uma fita azul ao pescoço, desvalorizado, menosprezado e por vezes até ridicularizado pela professora. Esta atitude diferenciadora por parte da professora levou a que durante todo o dia o grupo de alunos de olhos azuis fosse respeitado por todos como reflexo da atitude da professora. Da mesma forma os alunos de olhos castanhos eram desvalorizados e discriminados à semelhança da atitude de Jane. Isto independentemente da relação de amizade que os unia.
No dia seguinte Jane Elliott tomou a atitude contrária considerando os alunos de olhos castanhos superiores, tratando-os de forma privilegiada e encarando o grupo de olhos azuis como inferiores passando assim estes a usar a fita azul ao pescoço. Nesse dia, logo o grupo de olhos azuis passou a ser discriminado e o grupo de olhos castanhos passou a ser valorizado e respeitado.
Esta experiência levou os jovens envolvidos a sentirem-se exactamente da forma como eram tratados, ora valorizados ora estigmatizados. Isto fê-los perceber claramente o que é a discriminação visto que o sentiram na pele apenas pela cor dos olhos. Logo ficou claro para todos que o mesmo acontece no que diz respeito a outras situações tais como: a raça, a etnia, a ideologia, a religião ou outras diferenças. As crianças assimilaram perfeitamente a ideia que envolveu a experiência que se reflecte na sociedade em que vivemos. Perceberam que todo o ser humano é igual em direitos e deveres independentemente das diferenças. No final, perante a questão de Jane Elliott sobre se apontariam um indivíduo diferente quando com ele se cruzassem, as crianças responderam que não o fariam, não apenas para agradar à professora mas porque assim o sentiram na realidade. Ninguém merece ser discriminado pela diferença.

O ser humano é resistente às mudanças.
A morte de Martin Luther King marcou uma época que provocou o início de alguma mudança de mentalidades no que diz respeito à discriminação das minorias, de grupos étnicos, religiosos e especialmente de raça.
O filme atinge de forma exemplar o objectivo que norteou a atitude da professora. A interiorização ou não de preconceitos discriminatórios inicia-se na infância seguindo os modelos dos adultos (família, escola, comunidade em geral). Esta experiência de sucesso aplicada às crianças daquela faixa etária foi decisiva para atitudes futuras daqueles alunos de Jane Elliott. É uma lição para os adultos que deveriam aceitar as diferenças servindo de exemplo para todas as crianças. Só assim se conseguirá acabar com a discriminação e a xenofobia ainda tão enraizada na sociedade actual. Esta realidade dura e cruel penaliza injustamente tantos seres humanos por razões que lhes são alheias. Ninguém pode ser culpabilizado e estigmatizado, por exemplo, por nascer com uma determinada cor ou envolvido e orientado no caminho de uma religião específica.
Urge desenvolver o respeito pela diferença não como uma obrigação mas sim como algo quase tão natural como respirar.
Enquanto se falar em discriminação significa que ela existe é urgente que exista, em todas as sociedades, igualdade de direitos para todos, para que esta palavra, com tudo o que ela encerra, seja cada vez menos usada.
No fundo, todos nós somos diferentes.

SOFIA CABRAL

Sem comentários: